No auge da pandemia, como pequenas e médias empresas podem encontrar o equilíbrio entre o fluxo de caixa, colaboradores, parceiros e renegociação de dívidas, e preservar a saúde financeira da empresa em um cenário de maior volatilidade?
Primeiramente, devo concordar com a maioria dos empresários: a questão do Coronavírus realmente é um tanto preocupante. Mas, em meio ao caos, precisamos nos manter firmes e analisar o cenário que a empresa está inserida com muita prudência e clareza.
Então, se deseja proteger a saúde do seu negócio, seja média ou pequena empresa, descubra neste artigo, decisões importantes que devem ser tomadas nesse momento.
Sua empresa está sem caixa, e agora?
A incerteza em torno da profundidade e duração da COVID-19, obrigou as empresas a reavaliarem o planejamento financeiro de suas atividades, buscando a proteção do fluxo de caixa e o restabelecimento de novas metas e desafios para o ano de 2020.
Enquanto uma parte das empresas está reposicionando e adiando possíveis investimentos, o pequeno e médio empreendedor faz as contas para manter seu negócio de pé, pela forma abrupta que suas vendas despencaram e os custos e despesas permanecem tirando o seu sono.
Mas como buscar o equilíbrio entre a queda nas vendas, manutenção de boa parte dos custos fixos, com a eminente falta de caixa para honrar os compromissos assumidos e aqueles que ainda estão por vir?
Nesse momento de forte volatilidade e incerteza, a ausência de ferramentas de controle financeiro, de estratégias de preservação do caixa, renegociação de contratos de fornecedores, colaboradores e demais custos, acabam pressionando os resultados de pequenas e médias empresas. Por isso, é preciso manter a calma, olhar para frente e atuar de forma planejada.
Com o “negócio na mão” como dizem os mais experientes, a partir de um bom controle da rentabilidade (DRE), de um bom controle do fluxo de caixa (FC), do controle rígido dos custos e despesas, a pequena e média empresa terá condições de tomar as ações certas, que possibilitarão passar por esta tempestade de forma mais rápida.
A grande maioria dos empreendedores no Brasil não possui reserva de emergência, isto porque geralmente as rentabilidades são baixas, em alguns casos não são conhecidas, ou porque reinvestem no próprio negócio. São características marcantes das nossas empresas, mas que se realizadas sem o devido planejamento e estudo de viabilidade, poderá comprometer a saúde financeira do negócio em momentos de caos, como este que estamos vivendo.
Mesmo com as ações citadas anteriormente, sua empresa também precisará de dinheiro novo. A alternativa será buscar recursos no mercado, que pode ser um novo sócio ou um empréstimo com terceiros – neste caso as instituições bancárias.
Novamente, o controle e o planejamento financeiro do seu negócio pode fazer toda a diferença, pois sua empresa poderá conseguir prazos mais longos e juros mais baixos, caso o banco entenda que, tão logo passe a tempestade, os lucros e o crescimento serão retomados com velocidade e consolidados.
Por que algumas empresas estão mais equilibradas, conseguindo preservar a saúde financeira do negócio na crise?
Muitos analistas do mercado esperam que a COVID-19 seja um evento de dois trimestres, com a normalização dos negócios começando entre julho e agosto de 2020. Neste cenário, algumas empresas já entraram mais preparadas, seja porque conseguiram manter parte das vendas por canais digitais, novos produtos, ou porque estavam mais capitalizadas e dispunham do caixa de emergência.
A questão é que todas elas já praticavam uma gestão de planejamento constante antes da pandemia do Coronavírus, avaliando seus negócios, considerando tanto os riscos financeiros, os riscos de mercado, como também os riscos de continuidade.
Essas empresas fizeram uso de mecanismos capazes de absorver o impacto de crises com relevância mundial, como ocorrido na crise de 2008, por exemplo, onde a demanda por produtos e serviços também foi reduzida de forma dramática.
A reserva de emergência do caixa, o controle dos custos, o poder de negociação, a versatilidade de gerar um novo canal de venda ou um novo produto, foram os grandes diferenciais para manter a saúde financeira dessas empresas.
Como resultado, elas estão superando melhor a crise, é claro, com redução de seus resultados, certo desgaste na cadeia do negócio, mas longe do risco de descontinuidade da sua atividade.
As decisões sobre as dívidas vencidas e novos empréstimos
Aqui no Brasil, o Governo Federal adotou medidas em parceria com as principais instituições bancárias do país, prorrogando vencimentos dos contratos em andamento e disponibilizando novos empréstimos, com carência, prazo de 36 meses e juros atrelados a taxa básica de juros atual – cerca de 3,75% aa.
Diante desses facilitadores, se torna uma ótima decisão para pequenas e médias empresas, buscar essas linhas de crédito para ganhar fôlego no caixa do seu negócio até que os efeitos da crise se afastem.
Mas todas as empresas estão conseguindo ter acesso a essas condições?
Àquelas empresas que possuem bom relacionamento com seu banco, estão tendo mais facilidade no momento de renegociar ou contratar um novo empréstimo.
Além disso, as empresas que dispõe de um planejamento financeiro atualizado, com seu demonstrativo de resultado do exercício, seu fluxo de caixa, sua matriz orçamentária, passam mais segurança à instituição financeira e, consequentemente, conseguem uma aprovação do recurso sem muitos traumas, dentro desse cenário.
Nos momentos de crise, quando todos estão assustados, sem previsibilidade, sem conseguir visualizar como estará o desempenho da empresa amanhã, por causa de fatores externos, os empresários precisam cada vez mais ter o controle efetivo do negócio para uma tomada de posição assertiva, seja no aspecto financeiro, estratégico ou comercial.
Podemos concluir que o resultado deste tripé será uma travessia mais segura e estruturada da crise, sem comprometer a saúde financeira e o futuro da empresa.
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